Nosso desejo de conhecimento está guiado pela busca da verdade. Mesmo aqueles que negam a sua possibilidade objetiva estão utilizando-a para defender um ponto de vista.
Toda vez que alguém visa determinar os contornos da realidade em contraposição a outras alternativas de explicação supõe que existe uma verdade sobre o mundo, isto é, uma correspondência entre aquilo que se pensa e o que as coisas de fato são.
Agora, no caso da ciência, há dois pontos importantes para compreendermos o conhecimento que ela produz: em primeiro lugar, histórica e metodologicamente, a ciência tem feito a opção de restringir suas análises aos aspectos sensíveis, mais especificamente, quantificáveis e mensuráveis da realidade: “O grandíssimo livro [da natureza] está escrito em língua matemática e os caracteres são os triângulos, círculos e outras figuras geométricas” (Galileu).
É algo perfeitamente lícito de ser feito! A realidade física inclui em sua essência a matéria. Ademais, concentrar nossa atenção em um conjunto de aspectos bem definidos de um determinado objeto de estudo traz como consequência uma maior profundidade e especialização sobre o assunto.
Por outro lado, e aqui está a segunda consideração, é muito fácil perder de vista que o conhecimento científico nos apresenta somente um recorte da realidade. Muitos, fascinados pela descrição matemática do mundo, acabam convertendo a ciência em uma metafísica: “só é real aquilo que posso enxergar pelas lentes do método científico”. Afirmação que, ela mesma, não pode ser quantificada nem testada empiricamente.
Outros, querendo evitar tal extremo, colocam na conta da fé, aquilo que não é alcançável pela ciência, o que na prática promove uma espécie de atrofiamento da razão. Não é de se estranhar que nossa sociedade, hoje, seja tão propensa a considerar como subjetivo a moral, a beleza, as leis e a justiça...
Disso tudo podemos tirar algumas conclusões: 1ª) por princípio a ciência não investiga a essência das coisas, nem a conexão entre os aspectos sensíveis (acidentes) e a substância. 2ª) Por tal falta de conexão entre os fenômenos sensíveis e seus fundamentos, observamos, cada vez com mais frequência, teorias que não passam de especulações matemáticas. Isto, é possuem coerência, mas não apresentam lastro na realidade.
A ciência caminha em busca da verdade? Sim, mas como cegos tateando na escuridão. Nesse sentido, parece que foram escritas para nós as palavras de Isaías: “Por essa causa se afastou de nós o juízo e não nos alcança a justiça. Esperávamos a luz, e eis as trevas; a claridade, e andamos às escuras. Vamos como cegos apalpando o muro, caminhamos às apalpadelas como aqueles que perderam a vista. (Is 59,9-10).
Nesse cenário, a possibilidade de perde-se é grande e se torna mais urgente que nunca resgatar a sabedoria de uma filosofia realista como a de Santo Tomás para ser luz e guia na interpretação correta dos dados e achados legítimos da ciência.
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