- Ivo Fernando da Costa
As consequências do nihilismo

Recentemente tem sido noticia o caso de um jovem francês chamado Anthony Loffredo que está se submetendo a um agressivo processo modificação corporal para se tornar um “alienígena negro”.
O jovem com mais de 90% do corpo tatuado, além de implantes subcutâneos, já retirou as duas orelhas, a ponta do nariz e a parte superior dos lábios.
Segundo o jovem, o denominado “Black Alien Project” alcançou apenas 25% de seus objetivos e o próximo passo será a retirada de dois dedos de uma das mãos.
Não é um caso isolado. O americano Vinny Ohh diz que deseja se tornar um alienígena assexuado enquanto o brasileiro Michel Prado já se adiantou retirando um dos dedos da mão esquerda.
Apesar de chocante, o que presenciamos não é mais que uma consequência lógica de um niilismo cada vez mais impregnado em nossa sociedade.
Mas o que é o niilismo? A melhor maneira de compreendê-lo dentro do escopo de uma legenda de Instagram é por comparação.
Aristóteles no 5º livro da Metafísica desenvolve a doutrina das 4 causas do ser, a saber: final, formal, material e eficiente.
Imaginemos que queiramos construir uma sala com capacidade para transmissão de aulas por vídeo conferência (finalidade). Isso irá determinar o projeto da sala (sua causa formal ou essência). Este projeto me dirá quais são os materiais que devo usar (causa material) e as características das pessoas que irei contratar para construir a sala (causa eficiente).
Como se pode perceber, a mais importante de todas as causas é a final e, depois desta a formal.
De modo análogo isso ocorre com os entes naturais. A diferença é que a sala (ente artificial) tem uma essência extrínseca; imposta desde fora e que se reduz à entidade de suas partes. Os entes naturais, por outro lado, têm uma essência intrínseca que não se reduz à soma de suas partes.
O que isso tudo tem a ver com o niilismo? Bom, uma das características do pensamento moderno foi a exclusão da causa final e da causa formal na explicação da realidade.
Esta é uma premissa compartilhada tanto pelo materialismo como pelo racionalismo moderno, consolidando o que ficou conhecido como Visão Mecanicista do mundo: tudo se reduz a matéria (causa material) e movimento (causa eficiente).
O niilismo é uma visão de mundo que se desenvolve a partir da negação de que todas as coisas têm um fim. Tudo é absurdo.
Agora se tudo é absurdo e não possuímos uma essência cuja conformidade expressa um bem para nós, a consequência é que devemos determinar de maneira puramente subjetiva e arbitrária o sentido da realidade.
Como não há um sentido verdadeiro, belo e bom para nossa vida, qualquer coisa, por mais bizarra que seja, será um fim válido.