O Pós-modernismo, em suas várias vertentes e aplicações, fundamenta-se na rejeição de qualquer base objetiva do que se percebe como bom, verdadeiro e belo na realidade.
É, em suma, o triunfo do sofista Górgias para quem “a realidade não existe; se existisse, não poderia ser conhecida; se pudesse ser conhecida, não poderia ser expressada em palavras.”
Essa frase descreve com precisão a crise do mundo contemporâneo que consiste em uma dissolução radical da objetividade da realidade, do conhecimento e da linguagem.
Tudo se reduz a uma construção social, cultural ou da subjetividade individual. Nada é permanente e a realidade se resolve em um constante fluxo vazio de inteligibilidade e de sentido. Para o homem pós moderno, é impossível conformar sua vida à verdade, pois ela, de fato, não existiria. Tal atitude o conduz ao irracionalismo e ao voluntarismo. Irracionalismo, porque vem negada à razão o acesso a seu objeto próprio: a realidade. Esse vazio será preenchido por um voluntarismo “metafísico”, isto é, uma vontade que se vê capaz de construir a sua própria realidade e verdade por meio da manipulação da linguagem.
A situação em que nos encontramos não ocorreu do dia para noite. Foi um processo lento de desgaste da cultura ocidental que se assentava sobre o tripé “Jerusalém-Grécia-Roma”. Isto é, religião e valores judaico-cristãos, filosofia grega e direito romano.
Muitos, com aflição, se perguntam por uma solução para a situação presente. Infelizmente, a possibilidade de que esse quadro sofra uma reversão imediata é muito pequena. O caminho mais seguro é a reconquista da cultura por meio de um intensivo e extensivo processo formação intelectual. Ser negligente com a própria formação, hoje, é ser conivente com o mal.
Em sentido amplo, este processo formativo deve nortear-se por três pautas:
I) resgate da linguagem e do imaginário por meio do cultivo da alta cultura: literária, artística, musical;
II) A formação do imaginário é o pressuposto e ponto de partida para o resgate da inteligência. Nesse sentido, é preciso focar em uma epistemologia que defenda o conhecimento como conformidade da mente com a realidade. Para tato, autores como Platão e Aristóteles são imprescindíveis;
III) Finalmente, a conformidade da mente com a realidade depende de uma metafísica ou visão da realidade não materialista e aberta à transcendência. Nessa tarefa, a filosofia do ser de Santo Tomás será a coluna de sustentação de todo nosso trabalho intelectual
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