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A concepção tomista sobre a formação do imaginário

A concepção tomista sobre a formação do imaginário

Inspirado em boa medida por Aristóteles, o pensamento de Santo Tomás se caracteriza pelo equilíbrio de suas posições. Isso não é diferente no que diz respeito à sua epistemologia. Um dos princípios basilares de sua filosofia do conhecimento é a ideia de que “nada há no intelecto que antes não tenha estado nos sentidos”. No entanto, engana-se quem conclui que, para o aquinate, o conhecimento é uma atividade meramente passiva ou receptiva dos estímulos externos nos moldes defendidos por autores empiristas como J. Locke ou F. Bacon. Por exemplo, observe uma cadeira. No ato cognitivo, o que ocorre não é uma assimilação física dos objetos conhecidos. Ou seja, a cadeira não está materialmente dentro de sua cabeça. Mesmo a nível sensitivo, ao qual os animais estão restritos, já existe um processo ativo de processamento das informações que consiste em uma assimilação que a tradição escolástica denomina “intencional”. Não obstante, a gnosiologia tomista tampouco se apresenta como uma dinâmica eminentemente ativa como no apriorismo kantiano que condiciona o conhecimento às nossas estruturas psíquicas. Em Tomás, constatamos uma justa valorização tanto dos sentidos como da mente na aquisição do saber. Quando falamos de imaginário ou de formação do imaginário, estamos nos referindo a uma parte da dinâmica ativa da mente que processa os dados recebidos pelos 5 sentidos externos. Trata-se do conhecimento sensitivo interno. O imaginário não diz respeito somente à faculdade da imaginação, mas aos quatro sentidos internos: sentido comum, imaginação, memória e estimativa ou cogitativa. O ponto central da formação do imaginário é que estes sentidos, especialmente a cogitativa, não somente tem um papel ativo no processamento das imagens sensíveis que serão posteriormente entregues para a compreensão do intelecto, mas eles podem e devem ser educados. Ou seja, uma adequada compreensão da realidade requer não somente “ver”, mas também “saber ver”. Caso contrário, podemos terminar como Dom Quixote vendo gigantes no lugar de moinhos de ventos.
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