Poucos anos após a morte de Santo Tomás, no dia 7 de março de 1277, o bispo de Paris, Etienne Tempier, emitiu uma série de condenações a teses filosóficas inspiradas no pensamento de Aristóteles. No total foram 219 proposições filosóficas condenadas que visavam salvaguardar a integridade de fé diante dos erros da filosofia grega e árabe. Santo Tomás foi indiretamente alvejado por esta investida da faculdade de teologia contra a faculdade de artes, pois alguns pontos importantes do seu pensamento terminaram inseridos na lista de Tempier. Este fato teve graves consequências, pois estimulou a construção de sistemas filosóficos e teológicos alternativos e contrários ao tomismo. Com razão, séculos mais tarde, dizia-se em Salamanca: Thomas ait, Scotus negat (Tomás afirma, Escoto nega)! #filosofia #históriadafilosofia #filosofiamedieval #santotomás #sãotomásdeaquino #aquino #filosofiamedieval

Temos a tendência de ver uma unidade monolítica no pensamento do Aquinate. Contudo, houve mudanças em algumas de suas concepções teológicas e filosóficas. Algumas dessas mudanças foram, inclusive reconhecidas por ele. Este será o tema de nossa Live de hoje. Participe!

Não é raro encontrar pessoas convictas de que Kant demostrou a impossibilidade de qualquer filosofia realista. Devemos, por um lado, reconhecer: a solução kantiana para a disputa entre racionalistas e empiristas é genial. Por outro lado, Santo Tomás parte de premissas radicalmente opostas às do filósofo alemão. Ademais, a filosofia do Aquinate nos é apresentada, muitas vezes, de maneira simplista e fundada em um teoria do conhecimento meramente passiva. O debate ente Kant e Santo Tomás levanta seríssimas questões filosóficas: Temos ou acesso à realidade? O processo do conhecimento é uma ato do intelecto de natureza passiva ou ativa? A realidade se imprime como um sinete na cera ou é nossa mente que estrutura nossa compreensão do real?

Mercúrio retrógrado é um fenômeno astronômico no qual, do ponto de vista da Terra, o planeta Mercúrio parece estar se movendo de forma oposta ao seu movimento usual. Na astrologia, acredita-se que Mercúrio retrógrado é um momento para ter um cuidado extra ao tomar decisões importantes ou iniciar novos projetos, pois as coisas podem não sair como o planejado. Além dessas interpretações supersticiosas, o movimento retrógrado dos planetas teve um papel importante no desenvolvimento do pensamento filosófico e científico.

Palestra realizada por ocasião do Seminário de Educação Clássica promovido pelo Colégio Caminho Real de Joinville. A base da educação, na Antiguidade Clássica, se assentava sobre a ideia de "mens sana in corpore sano" (uma mente sã em um corpo são). Por isso ela tinha seu início na ginástica e na música. A ginástica não era vista somente como meio para cultivar a saúde do corpo. Isso obviamente estava incluído, mas em um escopo mais amplo: o da formação das virtudes como a coragem e a fortaleza. De modo semelhante, a música não era somente a arte dos sons, mas tudo aquilo que era relativo às musas, divindades que inspiravam os poetas. Assim o cultivo da música representava, no fundo, uma abrangente formação humanística e literária. Nesse contexto, os mitos devem ser entendidos não em sentido negativo de histórias fantasiosas, mas como esquemas narrativos que ilustram as complexidades da vida e as virtudes para navegarmos por ela.

Alguns meses atrás, participei da publicação do livro intitulado 'O Método Educativo de Dom Bosco', escrito pelo autor italiano Mario Casotti. Aproveitando essa oportunidade, ministrei uma aula na qual fiz um breve comentário sobre a vida e a obra de Mario Casotti, além de introduzir o conteúdo do livro. Este livro consiste principalmente em uma introdução escrita pelo autor para outra obra intitulada 'O Método Preventivo', de São João Bosco. É nessa introdução que se destacam os elementos essenciais do que podemos chamar de 'o método educativo de Dom Bosco'. Este método revela os seguintes traços essenciais: 1. Uma abordagem educativa que busca a redenção do ser humano, não excluindo a dimensão espiritual e a graça como objetivos educacionais fundamentais. 2. Um método fundamentado na caridade, incentivando uma atitude proativa por parte do educador. 3. A busca pela harmonia entre fé e razão, reconhecendo-as como duas asas que conduzem o ser humano a Deus. 4. A sabedoria de discernir e utilizar com prudência os elementos positivos presentes fora do cristianismo, pois toda verdade é inspirada pelo Espírito Santo. *** OBS.: Este vídeo também se encontra disponível no canal da editora do Verbo Encarnado: https://www.youtube.com/@editoraverboencarnado3826

Inspirado em boa medida por Aristóteles, o pensamento de Santo Tomás se caracteriza pelo equilíbrio de suas posições. Isso não é diferente no que diz respeito à sua epistemologia. Um dos princípios basilares de sua filosofia do conhecimento é a ideia de que “nada há no intelecto que antes não tenha estado nos sentidos”. No entanto, engana-se quem conclui que, para o aquinate, o conhecimento é uma atividade meramente passiva ou receptiva dos estímulos externos nos moldes defendidos por autores empiristas como J. Locke ou F. Bacon. Por exemplo, observe uma cadeira. No ato cognitivo, o que ocorre não é uma assimilação física dos objetos conhecidos. Ou seja, a cadeira não está materialmente dentro de sua cabeça. Mesmo a nível sensitivo, ao qual os animais estão restritos, já existe um processo ativo de processamento das informações que consiste em uma assimilação que a tradição escolástica denomina “intencional”. Não obstante, a gnosiologia tomista tampouco se apresenta como uma dinâmica eminentemente ativa como no apriorismo kantiano que condiciona o conhecimento às nossas estruturas psíquicas. Em Tomás, constatamos uma justa valorização tanto dos sentidos como da mente na aquisição do saber. Quando falamos de imaginário ou de formação do imaginário, estamos nos referindo a uma parte da dinâmica ativa da mente que processa os dados recebidos pelos 5 sentidos externos. Trata-se do conhecimento sensitivo interno. O imaginário não diz respeito somente à faculdade da imaginação, mas aos quatro sentidos internos: sentido comum, imaginação, memória e estimativa ou cogitativa. O ponto central da formação do imaginário é que estes sentidos, especialmente a cogitativa, não somente tem um papel ativo no processamento das imagens sensíveis que serão posteriormente entregues para a compreensão do intelecto, mas eles podem e devem ser educados. Ou seja, uma adequada compreensão da realidade requer não somente “ver”, mas também “saber ver”. Caso contrário, podemos terminar como Dom Quixote vendo gigantes no lugar de moinhos de ventos.