"O caminho se faz longo pelos preceitos; breve e eficaz pelos exemplos"

(Longum iter est per praecepta, breve et efficax per exempla)

Conclui meu último post sobre a noção geral de sabedoria comentando sua relação com a arte. Esta frase do filósofo Sêneca nos ajuda, em certo sentido, a compreender a relação entre sabedoria e vida. A necessidade que temos de exemplos é em si um traço essencial de nossa condição humana. É a primeira lição que todo educador deve aprender, pois todo o processo de nosso conhecimento tem início nos sentidos e nas coisas concretas e,

a partir delas, que vamos pouco a pouco captando conceitos mais abstratos e gerais. Quando temos dúvida sobre alguma noção ou matéria que estamos aprendendo, costumamos pedir um exemplo disso. Sob essa ótica, poderíamos dizer que a arte é “o exemplo possível da condição humana”. Ou seja, o que vemos em um clássico da arte é a expressão de uma real possibilidade do ser humano e do mundo. Dito de outra forma, a arte nos eleva e faz com que nossos sentidos toquem de algum modo a essência das coisas. É a sabedoria como verdade que emerge da experiência sensível do belo. O ensinamento de uma verdade pelo bom exemplo segue o caminho inverso. É “o exemplo realizado”, a concretização na vida particular de um ideal de nossa condição humana. Por isso o sábio não só é aquele que capta o que há de mais íntimo na natureza das coisas, mas também aquele que consegue indicar como atuar em conformidade com o ideal de nosso ser. Quantas vezes não nos sentimos motivados pelo ideal encarnado de uma vida exemplar. Sejam os grandes exemplos conhecidos como o de Madre Tereza em serviço dos pobres, a vida simples de São Francisco ou os pequenos exemplos como a gentileza de um colega de trabalho, a fidelidade de um amigo... A sabedoria, portanto, tem também um aspecto prático e existencial. Por isso muitas vezes dizemos que este ou aquele foi um “sábio conselho” pois nos ajudou a tomar decisões e a agir de acordo com nosso fim e com a realização de nosso ser.