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Ivo Fernando da Costa

A Ciência é mais Abstrata que a Filosofia

No imaginário da maioria das pessoas a relação entre filosofia e ciência se dá nos seguintes termos: por um lado temos a ciência como um saber concreto e objetivo que nos oferece, sem mais questionamentos, uma verdade irrefutável sobre a realidade. Por outro lado, o saber filosófico, visto como algo abstrato, eclético e subjetivo; uma questão de opinião pessoal.


É certo que temos filósofos que se enquadram nessa visão da filosofia; penso, por exemplo, em Hegel e nos demais autores do idealismo alemão. Mas em geral é a filosofia e não a ciência que está mais voltada para as questões concretas da existência do mundo e do homem.


Tal ideia pode ser quase uma heresia para alguns..., mas se pensarmos bem no que consiste o conhecimento científico, veremos 𝙦𝙪𝙚 𝙚́ 𝙖 𝙘𝙞𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖 — 𝙚 𝙣𝙖̃𝙤 𝙖 𝙛𝙞𝙡𝙤𝙨𝙤𝙛𝙞𝙖 — 𝙪𝙢 𝙨𝙖𝙗𝙚𝙧 𝙞𝙙𝙚𝙖𝙡𝙞𝙯𝙖𝙙𝙤 𝙚 𝙖𝙗𝙨𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤.


A ciência visa conhecer o mundo sensível e observável, mas esse conhecimento é pautado em um método que, dentre outras coisas, consiste em descrever, explicar e prever os fenômenos em situações ideais, de maneira quantificável e matematizável. Vocês nunca se incomodaram com aquele problema de física ou química que costuma começar mais ou menos assim: “em situações ideais de temperatura e pressão...”. No mundo real onde as coisas de fato existem, não se verifica essas condições ideais! O conhecimento científico, especialmente a física e a química, é um conhecimento idealizado que nunca de verifica exatamente na realidade, precisamente por ser uma descrição de caráter matemático da realidade.





E para ninguém sair por aí dizendo que sou um negacionista da ciência, deixo que Einstein explique o resto:


“Imaginemos um homem que está em uma estrada plana e empurra uma carroça e que subitamente deixa de aplicar força. A carroça continuará por certo tempo a movimentar-se antes de parar. Mas nos perguntamos: como se poderia alongar esta distância? É possível de diferentes maneiras: por exemplo, lubrificando as rodas ou fazendo uma estrada mais plana. E que coisa se obteve com a lubrificação e o aplanamento? Simplesmente isso: foram diminuídas as influências externas. Imagine agora uma carroça em uma estada perfeitamente plana e rodas sem atrito algum. Neste caso não haveria nada que parasse a carroça e ela continuaria a se movimentar sem parar. Agora, esta conclusão se obteve unicamente eliminado todas as influências externas. A experiência idealizada coloca em evidência o fio condutor que constitui realmente o fundamento da mecânica do movimento [...]. Vemos como a lei da inércia não pode ser derivada diretamente a experiência, mas somente por meio do pensamento especulativo compatível com a observação. A experiência idealizada não pode nunca ser efetivamente realizada, ainda que seja imprescindível para a compreensão profunda das experiências reais.”

(A. EINSTEIN- L. INFELD. Evolution of Physics. Cambridge Universit Press, London 1967, pp. 7ss)


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