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  • Ivo Fernando da Costa

A visão sapiencial da realidade e seu inverso



Estátua de Sócrates (Atenas)

O homem, por natureza, busca conhecer todas as coisas não somente em extensão ou em seu aspecto horizontal, mas também – e sobretudo – em profundidade.


O conhecimento por extensão nunca é plenamente realizável, pois volta-se para fenômeno saturado da realidade particular. O conhecimento de todas as coisas em seu aspecto vertical e profundo é o que se dá desde princípios e causas universais.


As sensações e percepções sensíveis estão ligadas ao conhecimento por extensão ou horizontal. É somente mediante o intelecto que se viabiliza uma visão sapiencial da realidade, isto é, o conhecimento de todas as coisas desde suas causas últimas. Como consequência, a filosofia se apresenta com um instrumento valiosíssimo – eu diria indispensável – para a realização do mais íntimo e peculiar traço de nossa condição humana.


Todavia, isso não significa um abandono ou desprezo da experiência. O acesso aos primeiros princípios, desde os quais podemos inteligir todas as coisas, exige a experiência como condição necessária: "nihil est in intellectu quod prius non fuit in sensu".


Mas o real é inexaurível desde a ótica da experiência e não podemos simplesmente ficar à deriva no mar das particularidades. Ademais, nesse horizonte ilimitado do singular, há coisas que convêm e outras que são até mesmo necessárias experimentar, embora não tenhamos possibilidades reais de fazê-lo. Nossa vida é finita.


É preciso, então, selecionar nossas experiências reais e possíveis. Eis aqui a importância da arte, da literatura, da história... que nos brindam com verdadeiras possibilidades de experiências humanas.


Sem uma adequada educação que oriente a formação da sensibilidade na direção daquelas experiências que nos fazem mais humanos, fica muito difícil, por não dizer impossível, uma visão sapiencial do ser.


Sem esses dois pilares – a realidade em sua objetividade e a educação – corremos o risco terminar com uma explicação sem realidade ou uma realidade sem explicação.


É assim que a filosofia se transmuta em ideologia: uma pura especulação desconexa do mundo ou uma aceitação do caos.


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