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  • Ivo Fernando da Costa

Sabedoria e formação intelectual


Muitas vezes quando usamos a palavra “sábio” estamos nos referindo à “experiência” acumulada que uma pessoa ao longo da vida foi adquirindo. É a sabedoria enquanto experiência vivida. Com nossos erros e acertos, na tentativa e erro, vamos discernindo aquilo que funcionou e adquirindo conhecimento, sabedoria.


No entanto, isso não é a ainda a sabedoria em si mesma. Falta ainda algo... Por exemplo, a criança que aprende por experiência a Lei da gravidade. Ela acaba aprendendo que os objetos caem, e por isso, se não se cuidar, pode ela mesma cair da bicicleta e se machucar. Mas ela não sabe a Lei da gravidade em si como expressão da causa deste fenômeno e como, com essa lei, ela pode explicar a caída dos corpos, o movimento dos planetas, o lançamento de um foguete, etc.


Seu saber está restrito à sua experiência e não se eleva às causas que explicam e justificam suas experiências. Neste sentido que Aristóteles diz que “é próprio do sábio ordenar”. Ele ilustra esta ideia com a “arte de navegar”. Essa arte inclui, escolher os materiais adequados na natureza, trabalhá-los para o fazer o baco, montar as peças em sua devida disposição... até a habilidade mesma do capitão de guiar o barco no mar. Todas essas ações estão ordenas a um mesmo fim, mas a pessoa que trabalha e corta a madeira pode não saber como se dá disposição das partes no barco, coisa que um engenheiro em uma linha produção deveria saber, isto é, ter um conhecimento mais amplo e geral. Por outro lado, o capitão sabe que um bom barco deve ter os materiais adequados, um design próprio que dê estabilidade e leveza na hora de manejar a nave, etc...


Por isso, São Tomás de Aquino, comentando o livro da Metafísica de Aristóteles afirma: “O sábio é descrito como aquele que conhece tudo, mesmo as questões difíceis, com certeza e através de sua causa; que busca esse conhecimento por si mesmo; e que dirige os outros e os induz a agir.”


Logo, a sabedoria está relacionada com o conhecimento das causas das coisas, quanto mais geral e universal é o conhecimento de uma causa, mais universal e abrangente será nosso conhecimento. É aqui onde entra a importância de nossa formação intelectual. A esfera da experiência é, certamente, importante em nossa vida. É a porta de entra de nosso conhecimento, mas devemos também cultivar nossa formação humana mais abrangente, sair do prático e rotineiro do dia a dia, e elevar nosso espírito a contemplação das coisas mais elevadas.


Um bom caminho para isso é o que o filósofo Sócrates nos ensinava: reconhecer nossa ignorância: “só sei que nada sei”. O primeiro passo para a sabedoria é fazer um “inventário de nossa ignorância”. Quais são os temas que não domino? As áreas que me interessam? Como está minha cultura geral? Como está meu conhecimento da própria filosofia? Pois como dizia o filósofo Augusto Comte: "a vida dos vivos é determinada por filósofos mortos, dos quais provavelmente eles nunca ouviram falar."


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