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  • Ivo Fernando da Costa

Notas sobre o problema dos universais


A questão dos universais é um debate que remonta às divergências entre as concepções metafísicas de Platão e Aristóteles.


Na Idade Média, a discussão se reacende por causa de uma questão deixada em aberto no comentário de Boécio ao Isagoge de Porfírio:


“Abster-me-ei de falar, no que diz respeito aos géneros e às espécies, sobre a questão de saber se: (1) são entidades existentes em si mesmas ou se são meras concepções colocadas na mente e, (2) admitindo que sejam existentes, se são corpóreas ou incorpóreas e (3) se são, em última análise, separadas ou se, pelo contrário, existem nas coisas sensíveis e dependem delas.”


Penso que o problema dos universais não é tanto afirmar ou não a consistência das naturezas comuns. Basta ver as consequências que vivemos hoje de sua negação: materialismo, ateísmo, pós-modernismo, ideologia de gênero, etc...


Existem bons argumentos a favor da realidade dos universais em vários autores da tradição escolástica. Por exemplo: Santo Tomás, De ente et essencia, c. 4 (ver também o comentário de Caetano ao mesmo capítulo, questão 6). Ainda de Tomás, está o Comentário ao Cap. 6 do 5o Livro da Metafísica;


Duns Escoto trata o mesmo tema no comentário ao II livro das Sentenças, d. 3, q. 1; e Suárez faz o mesmo em suas Disputas Metafísicas, VI.


O maior problema consiste em determinar que tipo de realidade possuem os universais. Nesse sentido, não há um argumento definitivo. Qual seria a distinção entre universais e singulares? Real, formal, ou de razão.


A tradição escotista tende a ver uma distinção real ou formal entre universal e singular; no realismo moderado, a tendência é dizer que a distinção é de razão com fundamento na realidade.


Disso surge outro problema: identificar tal fundamento. No tomismo há uma certa proporcionalidade entre a composição matéria e forma que resulta na substância com a de gênero e diferença que resulta na espécie. Ou seja, o gênero se toma como matéria e a diferença como formal.


Para Suárez o fundamento real para as noções comuns está na essência tomada como um todo considerada com distintos níveis de abstração mental.


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