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A ciência do Inquisidor X a teologia de Galileu

  • Foto do escritor: Ivo Fernando da Costa
    Ivo Fernando da Costa
  • 27 de abr. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de jan.

Um pormenor esquecido sobre o Caso Galileu


Entre as décadas de 1960 e 1970, esteve particularmente aceso, na filosofia da ciência, o debate sobre a “questão da demarcação”, isto é, sobre os critérios que distinguem a ciência de outras formas de conhecimento. Um dos principais responsáveis por essa discussão foi Karl Popper, com sua obra A Lógica da Pesquisa Científica.


Com o tempo, a reflexão filosófica tem demonstrado a dificuldade de definir, de maneira precisa e universal, o que caracteriza a ciência. No entanto, Popper deixou como legado diversos conceitos fundamentais que servem, ao menos, como um norte para avaliar se determinado conhecimento pode ser considerado científico. O mais relevante deles é, sem dúvida, o princípio da falseabilidade. Segundo esse critério, todas as teorias ou proposições que pretendem ser científicas devem ser tratadas como conjeturas. Na ciência, não há verdades absolutamente incontestáveis: qualquer proposição científica está sempre sujeita à falseabilidade, ou seja, a ser testada, reavaliada, modificada ou até mesmo descartada diante de novas evidências.


Uma teoria pode ser compreendida como uma conjetura que foi corroborada por um acúmulo de evidências observacionais. Já uma hipótese corresponde a uma conjetura ainda não corroborada, ou seja, uma tentativa provisória de resposta a um problema.

Mas o que isso tem a ver com o caso Galileu? A conexão reside no fato de que o Cardeal Roberto Belarmino — inquisidor e amigo do cientista florentino — sempre o apoiou publicamente, com a condição de que defendesse o heliocentrismo como hipótese, e não como uma verdade incontestável.


Cardeal Belarmino / Galileu
Cardeal Belarmino / Galileu

Na época, havia outros dois modelos que explicavam o movimento dos planetas: o antigo sistema de Ptolomeu e o de Tycho Brahe, contemporâneo de Galileu. Este último não possuía uma prova definitiva do heliocentrismo e sua teoria das marés, apresentada como evidência, revelou-se completamente equivocada.


A confirmação empírica do heliocentrismo só viria em 1833, com a medição da paralaxe de estrelas próximas. Uma das críticas feitas a Galileu em sua condenação de 1633 foi justamente o fato de ter apresentado o heliocentrismo como uma verdade definitiva, sem sequer considerar o sistema de Tycho Brahe.


Do ponto de vista epistemológico, portanto, o Cardeal Belarmino adotava um posicionamento mais científico que o próprio Galileu. No entanto, Belarmino sustentava que a interpretação literal das Escrituras deveria ter um papel na esfera científica. Assim, na ausência de evidências conclusivas, ele considerava prudente manter a visão geocêntrica, em conformidade com o que estava escrito na Bíblia.


Galileu, por sua vez, reiterava que "a Bíblia não ensina como vão os céus, mas como se vai ao céu". Teologicamente, sua posição estava correta.ão diz como vão os céus, como se vai ao céu”. Teologicamente, o cientista estava correto.


REFERÊNCIAS:

LANGFORD, Jerome. Galileu Science and the Church. Michigan: University of Michigan Press, 1992.

BRODRICK, James. The Life and Work of the Blessed Robert Francis Cardinal Bellarmine. Londres: Burns, 1928.

FANTOLI, Annibale. Galileu. Pelo Copernicanismo e Pela Igreja. São Paulo: Loyola, 2010.

POPPER, Karl. A Lógica da Pesquisa Científica. São Paulo: Cultrix, 2013.


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